A dor do preconceito

Ainda estou sangrando, esfolado, maltratado, com vários cortes na cabeça, eles me chutaram, me bateram até eu não aguentar mais, mesmo tonto, eu escutei alguns berros, que ainda ecoam na minha cabeça, como se eu estivesse em um pesadelo inacabável, eu sentia dores enormes, a angústia e o sofrimento tomaram conta de mim naquele momento, e corroía todos os restos de minha alma. Eu implorava por socorros, mesmo sem forças para poder gritar.

                                              

- Socorro! Me ajudem! Eles querem me matar!

Mas eu estava sem força, e desisti, apenas esperei que aqueles covardes tivessem compaixão de mim, e escutassem as suplicas da minha alma, que berrava por misericórdia. Estava muito tonto, mas mesmo assim, os escutei gritando, com muita raiva:

- Seu bixinha! Agora você vai apanhar bastante! Vai aprender a virar homem!

Até que eu desmaiei, e quando acordei, estava sozinho em um beco qualquer da enorme capital, olhei para mim mesmo, e percebi que estava muito machucado, ainda meio tonto, consegui enxergar as feridas que eles deixaram em mim, comecei a chorar, chorar muito, não tinha forças nem para levantar e procurar ajuda. Fiquei um bom tempo lá, deitado, minhas esperanças já se esgotando. Quando de repente, vi um grupo, vindo na minha direção, demorei um pouco para reconhecê-los, mas observei e percebi que eram aqueles rapazes que me bateram, e me causaram tanta dor. Eles pediram desculpas e falaram que fizeram aquilo porque foram pagos, perguntei:

-Mas? Pagos por quem? –disse com um tom de voz rouco, falava gaguejando.

Eles responderam:

-Pelo seu pai.

Foi quando eu desabei a chorar, e continuei ali, sentado, só queria o colo dos meus pais para poder me tranqüilizarem, mas nem isso eu podia.