Um texto sobre amores platônicos

Eu sou a única pessoa no mundo que ama passar horas pensando no simples ato de viver? Ontem, enquanto conversava com uma amiga sobre relacionamentos, toquei no tema amor. Mas, afinal de contas, o que é? Um sentimento verdadeiro ou mera bobagem criada por pessoas carentes? Acredito que tenha pouco de ambos. Na época do colegial, principalmente, sempre despertamos interesses por alguém, concordam? E, na maioria das vezes, parece perfeito para nós. O príncipe encantado frequentemente visto em contos de fada e histórias infantis. No entanto, somos enganados pela realidade e acordamos de um pesadelo auto construído quando é tarde demais, já estamos com o peito cercado de medos prematuros e incertezas, respirando enquanto perdemos o fôlego. 

Descobri, durante a mesma conversa, que o ser humano falha diariamente. Acredito que, se pararmos para perceber, cometemos erros (dependendo da sua perspectiva, claro) há poucas horas. Tal coisa prova que a minha teoria está correta. É normal apaixonar-se nesta fase, como disse, mas devemos descobrir o momento certo de acordar e perceber se aquele sonho colorido, cheio de fantasias e cores, pode virar um pesadelo a qualquer momento. Nunca sofra por garotos que te fazem chorar e preferem brincar com seus sentimentos ao invés de mostrar afeto. Nunca crie expectativas, planeje um futuro se o presente for inconclusivo. Ame-se antes de querer fazer o mesmo por outra pessoa.

De que adianta perder tanto tempo com um garoto qualquer? Procure alguém que possa trazer alegria, refúgio, conforto na saudade, companhia quando a distância falar mais alto. Alguém que te dê liberdade o suficiente para ignorar cada memória triste, trocando-as por momentos felizes, singulares. Você merece o melhor e ninguém precisa de outrem para viver um dia após outro como se pudesse acabar repentinamente. Ocupe a mente com coisas boas, crie novos vínculos afetivos e amigos. Leia, baixe as suas músicas favoritas e crie uma playlist fantástica (Pronta para ser ouvida nos próximos 365 dias), cozinhe, saia com seus melhores amigos para lugares diferentes, tente aprender algo. Sorria quando tudo disser o contrário, mostre que está bem e transforme este desejo em realidade. Já passei por coisas parecidas e posso dizer que viver por alguém além de si mesmo é perda. 

Precisamos de pessoas que somem, fiquem do nosso lado quando todos preferem fechar a porta e ir embora. Encontre um motivo para sair de casa maquiada, colocar o melhor vestido e andar confiante, bonita como já é naturalmente. Vocês, garotas, têm beleza interior (digo o mesmo dos meninos). Ainda assim, seja mais que apenas um rosto bonito entre tantos. Mostre o que há dentro do peito, destrua o ninho no qual seus pássaros escondem-se. Voe para longe e descubra, finalmente, o que é felicidade. 

Pode parecer frágil, inocente, mas um amor platônico assume a sua maneira de pensar e agir quando está apaixonada, cega por alguém ao ponto de ignorar seus porquês. Tente enxergar algo além de beleza, cumplicidade e outra série de qualidades aparentemente admiráveis. A pessoa pela qual você tem afeto é, de fato, boa? Corresponde suas expectativas? Poderia acontecer algo entre ambos? Também temos o hábito de fantasiar, criar enredos errôneos para satisfazer o nosso egocentrismo. Achamos que, por algum motivo, devemos ser amados. Agimos como gatos famintos, animais procurando alimento. Só de pensar que já me apaixonei por tremendos idiotas, tenho náuseas. 

O amor, remédio para poucos, droga para muitos, me faz lembrar todos os dias que a fragilidade emocional poderia coordenar o mundo. Desde quando a irracionalidade é pregada? Lembre que há algo além de querer amar (e ser amado). Você é uma pessoa cheia de sonhos, atitudes pelas quais manter orgulho. Portanto, afaste-se daquilo que te faz mal, infeliz, e busque sorrisos, beijos demorados. Certamente é impossível ser feliz sozinho, como o próprio Tom Jobim cantarola, mas quem disse que você está só? Com certeza tem amigos muito próximos, familiares e, obviamente, o alterego. Um lugar vazio mudará algo?